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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Personalidade e Individualidade


Disse Carl Gustav Jung:

"Quanto mais retrocedermos na história, 
tanto mais veremos a personalidade desaparecendo 
sob o manto da coletividade. 
E quando chegamos à psicologia primitiva, 
nem vestígios encontramos do conceito de indivíduo. 
Em vez de individualidade, só acharemos 
relacionamento coletivo ou "participação mística" (participation mystique). 
Esta atitude coletiva impede o reconhecimento e a valorização de uma psicologia diferente da do sujeito, 
pois a mente, orientada coletivamente, 
é totalmente incapaz de pensar e sentir 
de outra forma que não seja por projeção. 
O que entendemos sob o conceito de "indivíduo" 
é uma aquisição relativamente nova na história 
do pensamento e cultura humanos."

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Tênis x Frescobol - Rubem Alves

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“Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele:

Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: “Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?”. Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.

Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra – é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: “Eu te amo, eu te amo…”. Barthes advertia: “Passada a primeira confissão, ‘eu te amo’ não quer dizer mais nada”. É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: “Erótica é a alma”.

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir… E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos…

A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá…
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:

Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: “Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo”. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: “Tens razão, minha querida”. A situação está salva e o ódio vai aumentando.

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão… O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem – cresce o amor… Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim…”

https://www.asomadetodosafetos.com


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Imagem by: Search Google

quarta-feira, 30 de maio de 2018

VIVENDO A NOVA REALIDADE - James Redfield

Podemos, portanto, enxergar o quadro mais amplo oferecido pela nova ciência. Agora, quando nos postamos em nosso jardim ou passeamos pelo parque admirando a paisagem num belo dia de sol, devemos ver um mundo novo. Não podemos mais pensar que o universo que habitamos está se expandindo em todas as direções até o infinito; sabemos que o universo é fisicamente infinito, mas curvado de uma forma que o torna limitado e finito. Vivemos dentro de uma bolha de espaço/tempo e, como os físicos que pesquisam o hiperespaço, intuímos outras dimensões. E quando olhamos em volta, para as formas dentro deste universo, já não
podemos ver matéria sólida, mas substância energética. Tudo nada mais é do que um campo de energia, de luz, todas as coisas interagindo e influenciando-se mutuamente — inclusive nós mesmos.

Na verdade, a maioria dessas descrições da nova realidade já foi confirmada pela nossa própria experiência. Todos nós temos, por exemplo, momentos em que podemos constatar que outras pessoas captaram nossos pensamentos, ou ocasiões em que sabemos o que outra pessoa sente ou está prestes a dizer. De modo semelhante, vivemos situações em que sabemos que alguma coisa está prestes a acontecer ou poderia potencialmente acontecer, e essas premonições muitas vezes são acompanhadas por pressentimentos que nos dizem aonde deveríamos ir ou aquilo que deveríamos fazer, para estarmos no lugar certo, na hora exata. O mais significativo é que sabemos que a nossa atitude e a nossa intenção a respeito das outras pessoas são extremamente importantes. Como veremos mais tarde, quando pensamos positivamente, nos elevamos e elevamos os outros, e acontecimentos incríveis começam a ter lugar.

O nosso desafio é colocar tudo isso em prática cotidianamente, integrado à nossa vida diária. Vivemos num universo inteligente, de energia dinâmica, que nos responde, no qual as expectativas e teorias das outras pessoas irradiam-se delas para nos influenciar.

O próximo passo, portanto, em nossa viagem em direção a uma vida com uma nova consciência espiritual é ver o mundo humano de energia, expectativa e drama como ele realmente é, e aprender a lidar com esse mundo de maneira mais eficaz.

A Visão Celestina - James Redfield


Capa

COMPREENDENDO ONDE ESTAMOS - James Redfield

A SOLUÇÃO DO ILUMINISMO

Chegamos agora a outro ponto crucial na formação da visão moderna do mundo. Tínhamos apelado para a ciência para a descoberta de respostas para as nossas maiores perguntas existenciais e espirituais, mas a ciência tornou-se consumida por um enfoque puramente laico e materialista. Quem poderia dizer quanto tempo ela demoraria para descobrir o sentido mais elevado da vida humana?

Era evidente que nós, ocidentais, precisávamos de um novo sentido, um novo estado de espírito a que pudéssemos nos agarrar nesse ínterim — e, mais importante, que ocupasse a nossa mente. E parece que nesse momento a decisão coletiva foi levar a nossa atenção totalmente para o mundo físico, assim como a ciência estava fazendo. Afinal, a ciência estava descobrindo um rico tesouro de recursos naturais à nossa disposição — e podíamos usar esses recursos para melhorar nossa situação econômica, para conseguirmos mais conforto nesse mundo material. Poderíamos ter que esperar pelo conhecimento a respeito da nossa verdadeira
situação espiritual, mas, enquanto esperávamos, poderíamos conseguir mais segurança material. A nossa nova filosofia, embora temporária, era um passo à frente no progresso humano, um compromisso com o aperfeiçoamento da nossa vida e da vida de nossos filhos.

Essa nova filosofia, no mínimo, nos tranquilizava. A carga de trabalho nos mantinha ocupados, afastando a nossa atenção do fato de que o mistério da morte, portanto o da própria vida, ainda se mostrava enorme e inexplicado. Algum dia, no final da nossa existência terrena, teríamos que enfrentar as realidades espirituais, fossem elas quais fossem. Enquanto isso, porém, limitávamos nosso enfoque aos problemas da existência material cotidiana e
tentávamos fazer do próprio progresso, tanto pessoal quanto coletivo, a única razão para a nossa curta vida. E essa se tornou a postura psicológica no início da era moderna.

Basta uma olhadela rápida no final do século XX para vermos os grandiosos resultados desse enfoque restrito ao progresso material. Em poucos séculos, exploramos o mundo, fundamos nações e criamos um imenso sistema de comércio global. Além disso, cientistas venceram doenças, desenvolveram fantásticas formas de comunicação e mandaram homens à Lua.

No entanto, todas essas conquistas tiveram um preço alto. Pelo progresso, nós exploramos o meio ambiente quase ao ponto da sua destruição. E pessoalmente podemos perceber que, em certo ponto, o nosso enfoque nos aspectos econômicos da vida tornou-se
uma obsessão, usada para afastar a ansiedade da incerteza. Fizemos da vida material e do progresso dirigido pela nossa lógica a única realidade que permitíamos entrar em nossa mente.

Finalmente, em meados do século XX, a cultura ocidental começou a despertar dessa preocupação. Paramos para olhar em volta e começamos a compreender o nosso lugar na História. Ernest Becker ganhou um Prêmio Pulitzer por seu livro The Denial of Death porque mostrou claramente o que o mundo moderno tinha feito a si mesmo psicologicamente. Nós tínhamos limitado nosso enfoque à economia material e, durante todo esse tempo, nos
recusamos a aceitar a idéia de uma experiência espiritual mais profunda, porque não queríamos que nos lembrassem o grande mistério que é esta vida.

Acredito que é por isso que as pessoas mais velhas eram abandonadas em sanatórios: elas nos lembravam aquilo que tínhamos empurrado para longe da nossa consciência. A necessidade de nos esconder do mistério que nos aterrorizava é também a razão por que o nosso senso comum acha tão estranha a crença num universo onde a sincronicidade e outras capacidades intuitivas são reais. O nosso medo explica por que, durante tantos anos, os indivíduos que experimentavam fenômenos misteriosos — sincronicidade, intuição, sonhos proféticos, percepções extra-sensoriais, experiências no limiar da morte, contato com anjos, e
tudo mais —, que sempre ocorreram na existência humana e até continuavam na era moderna, eram tratados com tanto ceticismo. Falar sobre essas coisas, ou até mesmo admitir que elas eram possíveis, colocava em risco a nossa teoria de que o mundo material era tudo que existia.

VIVENDO UM PRESENTE MAIS LONGO

Podemos ver, portanto, que a percepção da sincronicidade em nossa vida representa nada menos que um despertar coletivo da visão materialista do mundo, que durou séculos. Agora, quando contemplamos a existência moderna com suas maravilhas tecnológicas, podemos ver este mundo a partir de um ponto de vista psicológico mais revelador.

Com a decadência da Idade Média, perdemos a sensação de certeza a respeito de quem éramos e o que significava a nossa existência; assim, inventamos um método científico de pesquisa e o encarregamos de descobrir a verdade da nossa situação. Mas a ciência parecia fragmentar-se em mil faces, incapaz de trazer de volta de imediato uma imagem coerente.

Como reação, afastamos a ansiedade voltando o nosso enfoque para iniciativas práticas, reduzimos a vida a seus aspectos econômicos e finalmente entramos numa obsessão coletiva, com os aspectos prosaicos e materiais da vida. Como vimos, os cientistas apresentaram uma visão do mundo que reforçou essa obsessão e, durante muitos séculos, eles próprios ficaram perdidos dentro dela. O preço dessa cosmologia limitada foi o estreitamento da experiência humana e a repressão da nossa percepção espiritual mais elevada — uma repressão que agora estamos finalmente vencendo.

O desafio é nos esforçarmos sempre para manter na consciência essa maneira de ver a História, especialmente quando o materialismo, ainda influente, tenta nos atrair de volta para
a antiga visão. Temos que ter em mente onde estamos, a verdade da era moderna, e fazer disso parte de todos os momentos da nossa vida — pois é a partir dessa sensação intensificada de estarmos vivos que podemos nos abrir para o próximo passo da nossa viagem.

Quando olhamos com um olhar novo, vemos que a ciência não fracassou por completo; sempre houve na ciência uma corrente subjacente que silenciosamente ultrapassava a obsessão material. A começar nas primeiras décadas do século XX, uma nova maneira de pensar começou a formar uma descrição mais completa do universo e de nós mesmos — uma descrição que finalmente está abrindo caminho para a consciência popular.

A Visão Celestina - James Redfield

Capa

OBSERVANDO A TRANSFORMAÇÃO - A Visão Celestina - James Redfield

Não é necessário o mistério de um novo milênio para nos convencer de que algo está mudando na consciência humana; os sinais estão em toda parte, para aqueles que conseguem perceber. As pesquisas mostram um interesse crescente no misticismo e no
mistério; futurólogos respeitados vêem uma busca global da satisfação e do sentido interior. E as expressões gerais da cultura — livros, documentários para a televisão, o conteúdo dos noticiários — refletem um crescente clamor pelo retorno à qualidade e à integridade, assim como pela reconstrução de um senso de ética baseado na comunidade. 

Ainda mais importante: podemos sentir que algo está mudando na qualidade da nossa própria experiência. Parece que o nosso foco está se afastando das discussões abstratas a
respeito da teoria ou do dogma espiritual e buscando alguma coisa mais profunda: a verdadeira percepção do espiritual à medida que ele ocorre na nossa vida cotidiana.

Quando me perguntam sobre a popularidade dos meus dois primeiros romances, A Profecia Celestina e A Décima Profecia, respondo sempre que essa aceitação é apenas um reflexo do reconhecimento disseminado das experiências espirituais específicas que aqueles livros relatam.

Parece que cada vez mais pessoas estão tomando consciência das coincidências significantes que ocorrem todos os dias. Alguns desses acontecimentos são fenomenais e excitantes; outros são triviais e quase imperceptíveis — mas todos eles nos dão provas de que não estamos sós, de que algum processo espiritual misterioso está influenciando nossa vida. Uma vez tendo experimentado a sensação de inspiração e de entusiasmo que essas percepções evocam, é quase impossível não atentar para elas. Começamos a prestar atenção a esses acontecimentos, a esperá-los e a procurar ativamente uma compreensão filosófica mais elevada da sua ocorrência.

Ambos os meus romances são o que chamo de parábolas de aventura. Foram o meu modo de ilustrar o que acredito ser uma nova consciência espiritual que está empolgando a humanidade. Nas aventuras tentei descrever as revelações pessoais que cada um de nós parece estar alcançando à medida que nossa consciência se expande. Escritas como ficção e baseadas em minhas próprias experiências, essas revelações poderiam facilmente ser retratadas dentro de um enredo específico e por um grupo de personagens, como se estivessem acontecendo no mundo real.

Nesse papel, sempre me considerei um cronista ou um comentarista social, tentando documentar e ilustrar experimentalmente as mudanças específicas que acredito já estarem ocorrendo no ethos humano. Aliás, acredito que essa evolução continua a progredir, à medida que a cultura vai alcançando uma visão espiritual cada vez maior. Estão planejados pelo menos mais dois romances da série Celestina.

Escolhi para este livro a forma de não-ficção por achar que, como seres humanos, estamos num lugar muito especial em relação a essa crescente tomada de consciência. Todos nós parecemos vislumbrá-la, e até mesmo vivenciá-la por algum tempo, e então, por motivos
que discutiremos neste livro, muitas vezes nos desequilibramos e temos que nos esforçar para recuperar nossa perspectiva espiritual. Este livro fala do modo de lidar com esses desafios, e o segredo, creio eu, está na nossa capacidade de debater uns com os outros, da maneira mais aberta e honesta possível, aquilo que estamos realmente sentindo.

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A Visão Celestina - James Redfield

Imagem by: Google Search