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quarta-feira, 30 de maio de 2018

VIVENDO A NOVA REALIDADE - James Redfield

Podemos, portanto, enxergar o quadro mais amplo oferecido pela nova ciência. Agora, quando nos postamos em nosso jardim ou passeamos pelo parque admirando a paisagem num belo dia de sol, devemos ver um mundo novo. Não podemos mais pensar que o universo que habitamos está se expandindo em todas as direções até o infinito; sabemos que o universo é fisicamente infinito, mas curvado de uma forma que o torna limitado e finito. Vivemos dentro de uma bolha de espaço/tempo e, como os físicos que pesquisam o hiperespaço, intuímos outras dimensões. E quando olhamos em volta, para as formas dentro deste universo, já não
podemos ver matéria sólida, mas substância energética. Tudo nada mais é do que um campo de energia, de luz, todas as coisas interagindo e influenciando-se mutuamente — inclusive nós mesmos.

Na verdade, a maioria dessas descrições da nova realidade já foi confirmada pela nossa própria experiência. Todos nós temos, por exemplo, momentos em que podemos constatar que outras pessoas captaram nossos pensamentos, ou ocasiões em que sabemos o que outra pessoa sente ou está prestes a dizer. De modo semelhante, vivemos situações em que sabemos que alguma coisa está prestes a acontecer ou poderia potencialmente acontecer, e essas premonições muitas vezes são acompanhadas por pressentimentos que nos dizem aonde deveríamos ir ou aquilo que deveríamos fazer, para estarmos no lugar certo, na hora exata. O mais significativo é que sabemos que a nossa atitude e a nossa intenção a respeito das outras pessoas são extremamente importantes. Como veremos mais tarde, quando pensamos positivamente, nos elevamos e elevamos os outros, e acontecimentos incríveis começam a ter lugar.

O nosso desafio é colocar tudo isso em prática cotidianamente, integrado à nossa vida diária. Vivemos num universo inteligente, de energia dinâmica, que nos responde, no qual as expectativas e teorias das outras pessoas irradiam-se delas para nos influenciar.

O próximo passo, portanto, em nossa viagem em direção a uma vida com uma nova consciência espiritual é ver o mundo humano de energia, expectativa e drama como ele realmente é, e aprender a lidar com esse mundo de maneira mais eficaz.

A Visão Celestina - James Redfield


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COMPREENDENDO ONDE ESTAMOS - James Redfield

A SOLUÇÃO DO ILUMINISMO

Chegamos agora a outro ponto crucial na formação da visão moderna do mundo. Tínhamos apelado para a ciência para a descoberta de respostas para as nossas maiores perguntas existenciais e espirituais, mas a ciência tornou-se consumida por um enfoque puramente laico e materialista. Quem poderia dizer quanto tempo ela demoraria para descobrir o sentido mais elevado da vida humana?

Era evidente que nós, ocidentais, precisávamos de um novo sentido, um novo estado de espírito a que pudéssemos nos agarrar nesse ínterim — e, mais importante, que ocupasse a nossa mente. E parece que nesse momento a decisão coletiva foi levar a nossa atenção totalmente para o mundo físico, assim como a ciência estava fazendo. Afinal, a ciência estava descobrindo um rico tesouro de recursos naturais à nossa disposição — e podíamos usar esses recursos para melhorar nossa situação econômica, para conseguirmos mais conforto nesse mundo material. Poderíamos ter que esperar pelo conhecimento a respeito da nossa verdadeira
situação espiritual, mas, enquanto esperávamos, poderíamos conseguir mais segurança material. A nossa nova filosofia, embora temporária, era um passo à frente no progresso humano, um compromisso com o aperfeiçoamento da nossa vida e da vida de nossos filhos.

Essa nova filosofia, no mínimo, nos tranquilizava. A carga de trabalho nos mantinha ocupados, afastando a nossa atenção do fato de que o mistério da morte, portanto o da própria vida, ainda se mostrava enorme e inexplicado. Algum dia, no final da nossa existência terrena, teríamos que enfrentar as realidades espirituais, fossem elas quais fossem. Enquanto isso, porém, limitávamos nosso enfoque aos problemas da existência material cotidiana e
tentávamos fazer do próprio progresso, tanto pessoal quanto coletivo, a única razão para a nossa curta vida. E essa se tornou a postura psicológica no início da era moderna.

Basta uma olhadela rápida no final do século XX para vermos os grandiosos resultados desse enfoque restrito ao progresso material. Em poucos séculos, exploramos o mundo, fundamos nações e criamos um imenso sistema de comércio global. Além disso, cientistas venceram doenças, desenvolveram fantásticas formas de comunicação e mandaram homens à Lua.

No entanto, todas essas conquistas tiveram um preço alto. Pelo progresso, nós exploramos o meio ambiente quase ao ponto da sua destruição. E pessoalmente podemos perceber que, em certo ponto, o nosso enfoque nos aspectos econômicos da vida tornou-se
uma obsessão, usada para afastar a ansiedade da incerteza. Fizemos da vida material e do progresso dirigido pela nossa lógica a única realidade que permitíamos entrar em nossa mente.

Finalmente, em meados do século XX, a cultura ocidental começou a despertar dessa preocupação. Paramos para olhar em volta e começamos a compreender o nosso lugar na História. Ernest Becker ganhou um Prêmio Pulitzer por seu livro The Denial of Death porque mostrou claramente o que o mundo moderno tinha feito a si mesmo psicologicamente. Nós tínhamos limitado nosso enfoque à economia material e, durante todo esse tempo, nos
recusamos a aceitar a idéia de uma experiência espiritual mais profunda, porque não queríamos que nos lembrassem o grande mistério que é esta vida.

Acredito que é por isso que as pessoas mais velhas eram abandonadas em sanatórios: elas nos lembravam aquilo que tínhamos empurrado para longe da nossa consciência. A necessidade de nos esconder do mistério que nos aterrorizava é também a razão por que o nosso senso comum acha tão estranha a crença num universo onde a sincronicidade e outras capacidades intuitivas são reais. O nosso medo explica por que, durante tantos anos, os indivíduos que experimentavam fenômenos misteriosos — sincronicidade, intuição, sonhos proféticos, percepções extra-sensoriais, experiências no limiar da morte, contato com anjos, e
tudo mais —, que sempre ocorreram na existência humana e até continuavam na era moderna, eram tratados com tanto ceticismo. Falar sobre essas coisas, ou até mesmo admitir que elas eram possíveis, colocava em risco a nossa teoria de que o mundo material era tudo que existia.

VIVENDO UM PRESENTE MAIS LONGO

Podemos ver, portanto, que a percepção da sincronicidade em nossa vida representa nada menos que um despertar coletivo da visão materialista do mundo, que durou séculos. Agora, quando contemplamos a existência moderna com suas maravilhas tecnológicas, podemos ver este mundo a partir de um ponto de vista psicológico mais revelador.

Com a decadência da Idade Média, perdemos a sensação de certeza a respeito de quem éramos e o que significava a nossa existência; assim, inventamos um método científico de pesquisa e o encarregamos de descobrir a verdade da nossa situação. Mas a ciência parecia fragmentar-se em mil faces, incapaz de trazer de volta de imediato uma imagem coerente.

Como reação, afastamos a ansiedade voltando o nosso enfoque para iniciativas práticas, reduzimos a vida a seus aspectos econômicos e finalmente entramos numa obsessão coletiva, com os aspectos prosaicos e materiais da vida. Como vimos, os cientistas apresentaram uma visão do mundo que reforçou essa obsessão e, durante muitos séculos, eles próprios ficaram perdidos dentro dela. O preço dessa cosmologia limitada foi o estreitamento da experiência humana e a repressão da nossa percepção espiritual mais elevada — uma repressão que agora estamos finalmente vencendo.

O desafio é nos esforçarmos sempre para manter na consciência essa maneira de ver a História, especialmente quando o materialismo, ainda influente, tenta nos atrair de volta para
a antiga visão. Temos que ter em mente onde estamos, a verdade da era moderna, e fazer disso parte de todos os momentos da nossa vida — pois é a partir dessa sensação intensificada de estarmos vivos que podemos nos abrir para o próximo passo da nossa viagem.

Quando olhamos com um olhar novo, vemos que a ciência não fracassou por completo; sempre houve na ciência uma corrente subjacente que silenciosamente ultrapassava a obsessão material. A começar nas primeiras décadas do século XX, uma nova maneira de pensar começou a formar uma descrição mais completa do universo e de nós mesmos — uma descrição que finalmente está abrindo caminho para a consciência popular.

A Visão Celestina - James Redfield

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COMPREENDENDO ONDE ESTAMOS - James Redfield

UM UNIVERSO MATERIALISTA
A primeira imagem científica abrangente de como esse mundo exterior funcionava foi
criada por Sir Isaac Newton, que reuniu as opiniões dos primeiros astrônomos num modelo de
universo estável e previsível. A matemática newtoniana sugeria que o mundo macro operava
segundo leis naturais imutáveis, que poderiam ser utilizadas em aplicações práticas.
Descartes já tinha proposto que o universo em sua inteireza — a órbita da Terra e outros
planetas ao redor do Sol, a circulação da atmosfera como padrões meteorológicos, a
interdependência das espécies animais e vegetais — funcionava em conjunto como uma
grande máquina cósmica, ou um mecanismo, sempre confiável e totalmente despido de
influência mística.
A matemática newtoniana parecia provar isso. E uma vez estabelecida na física essa
imagem holística, todos acreditaram que as outras disciplinas da ciência precisariam apenas
fornecer os detalhes, descobrir os miniprocessos, as engrenagens e as molas que faziam
funcionar o grande relógio. À medida que isso começava a ocorrer, a ciência foi ficando cada
vez mais especializada em sua maneira de mapear o universo físico, retalhando-o em
subdivisões cada vez menores e detalhando a nomenclatura e a explicação do mundo à nossa
volta.
O dualismo cartesiano e a física newtoniana estabeleceram uma posição filosófica que
foi rapidamente aceita como a visão reinante na era moderna. Essa visão advogava ainda um
ceticismo empírico, dentro do qual nada no universo deveria merecer crédito se a sua
existência não fosse provada, sem sombra de dúvida, através de uma experiência quantitativa.
Acompanhando Francis Bacon, a ciência tornou-se cada vez mais materialista e
pragmática em sua orientação e afastou-se cada vez mais das questões mais profundas da vida
do propósito espiritual da humanidade. Quando eram pressionados, os cientistas referiam-se
a uma idéia deísta de Deus, uma divindade que primeiro colocou o universo em
funcionamento, deixando-o depois a funcionar por meios totalmente mecânicos.

A Visão Celestina - James Redfield

RESPONDENDO AO CETICISMO - A Visão Celestina - James Redfield

O maior desafio àqueles de nós que começam a viver a nova percepção espiritual é relacionar-se com os céticos. Todos nós, uma vez abertos à realidade da sincronicidade, nos encontramos em alguma ocasião conversando com alguém que reage negativamente às nossas crenças e questiona diretamente a validade das nossas experiências. Embora os céticos estejam diminuindo de número, ainda são muitos os defensores da velha visão materialista que considera fantasiosa e sem fundamento qualquer conversa sobre o misticismo. Essas conversas ameaçam diretamente as suas sensatas teorias a respeito do que é real e racional no mundo natural.


Os céticos que encontramos parecem dividir-se em duas categorias principais. O grupo maior é daqueles que tomam uma posição de ceticismo não porque tenham estudado a ampla gama de experiências místicas de que ouvem falar, e sim porque não o fizeram; não têm tempo ou inclinação para investigar essas experiências, de modo que adotam a posição que lhes parece mais segura: rotulá-las de absurdas. Geralmente esses céticos vivem e trabalham com outros céticos, que criticam qualquer nova criação ou teoria e usam o ridículo como meio de obter poder pessoal sobre os outros. Nesse tipo de ambiente, a maioria das pessoas adota uma posição estritamente convencional, para evitar o conflito.

O outro tipo de cético que encontramos é o verdadeiro adepto do materialismo científico. Trata-se de uma pessoa que pode pesquisar até certo ponto o cenário da experiência mística, mas sempre recua para trás das barricadas do materialismo, exigindo evidências positivas de tais afirmações. E não dão ouvidos a argumentos tais como: as experiências místicas têm um caráter consistente ao longo de períodos prolongados, milhares de pessoas não relacionadas entre si oferecem relatos idênticos, as estatísticas têm provado repetidamente que a capacidade intuitiva e psíquica é uma ocorrência natural.

Várias abordagens se mostraram eficazes no trato com os céticos. Em primeiro lugar, devemos nos lembrar de que um certo grau de ceticismo é na realidade importante: todos nós devemos evitar aceitar cegamente uma idéia que está na moda, bem como devemos submeter a um olhar crítico qualquer afirmação a respeito da natureza da realidade. 

Não devemos esquecer, no entanto, que este princípio tem um corolário igualmente importante, e que muitas vezes é esquecido: conservar a mente aberta para investigar o
fenômeno em questão. É especialmente difícil manter esse equilíbrio entre o ceticismo e a mente aberta quando o fenômeno envolve a nossa psicologia interior ou a nossa espiritualidade.

Dois outros pontos importantes são: manter a conversa sempre amistosa e procurar áreas de concordância. Eu me arriscaria a dizer que quase todo mundo que agora experimenta percepções de natureza mística ou espiritual já foi extremamente cético. Nesse sentido, todos nós somos ex-céticos, e pode ser importante lembrar que o processo de se abrir para o lado místico da vida está acontecendo principalmente através da interação pessoal; vemos outra pessoa levando a sério a idéia da experiência espiritual, e então decidimos investigar nós mesmos o assunto.

Por este motivo devemos levar a sério todas as conversas. A nossa franqueza pode ser o testemunho que derruba a posição entrincheirada de alguém. E sabem de uma coisa? O oposto
pode ser verdade: o cético a que estamos nos referindo pode estar correto em determinado ponto. Aqueles de nós que estão investigando o potencial da experiência humana nada estarão fazendo se não estiverem comprometidos com um processo bilateral de construção de um consenso. Todos nós temos que escutar para aprender. É o diálogo aberto que assegura um ponto de vista largamente debatido e mantém amplo o nosso campo de visão.

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OBSERVANDO A TRANSFORMAÇÃO - A Visão Celestina - James Redfield

Não é necessário o mistério de um novo milênio para nos convencer de que algo está mudando na consciência humana; os sinais estão em toda parte, para aqueles que conseguem perceber. As pesquisas mostram um interesse crescente no misticismo e no
mistério; futurólogos respeitados vêem uma busca global da satisfação e do sentido interior. E as expressões gerais da cultura — livros, documentários para a televisão, o conteúdo dos noticiários — refletem um crescente clamor pelo retorno à qualidade e à integridade, assim como pela reconstrução de um senso de ética baseado na comunidade. 

Ainda mais importante: podemos sentir que algo está mudando na qualidade da nossa própria experiência. Parece que o nosso foco está se afastando das discussões abstratas a
respeito da teoria ou do dogma espiritual e buscando alguma coisa mais profunda: a verdadeira percepção do espiritual à medida que ele ocorre na nossa vida cotidiana.

Quando me perguntam sobre a popularidade dos meus dois primeiros romances, A Profecia Celestina e A Décima Profecia, respondo sempre que essa aceitação é apenas um reflexo do reconhecimento disseminado das experiências espirituais específicas que aqueles livros relatam.

Parece que cada vez mais pessoas estão tomando consciência das coincidências significantes que ocorrem todos os dias. Alguns desses acontecimentos são fenomenais e excitantes; outros são triviais e quase imperceptíveis — mas todos eles nos dão provas de que não estamos sós, de que algum processo espiritual misterioso está influenciando nossa vida. Uma vez tendo experimentado a sensação de inspiração e de entusiasmo que essas percepções evocam, é quase impossível não atentar para elas. Começamos a prestar atenção a esses acontecimentos, a esperá-los e a procurar ativamente uma compreensão filosófica mais elevada da sua ocorrência.

Ambos os meus romances são o que chamo de parábolas de aventura. Foram o meu modo de ilustrar o que acredito ser uma nova consciência espiritual que está empolgando a humanidade. Nas aventuras tentei descrever as revelações pessoais que cada um de nós parece estar alcançando à medida que nossa consciência se expande. Escritas como ficção e baseadas em minhas próprias experiências, essas revelações poderiam facilmente ser retratadas dentro de um enredo específico e por um grupo de personagens, como se estivessem acontecendo no mundo real.

Nesse papel, sempre me considerei um cronista ou um comentarista social, tentando documentar e ilustrar experimentalmente as mudanças específicas que acredito já estarem ocorrendo no ethos humano. Aliás, acredito que essa evolução continua a progredir, à medida que a cultura vai alcançando uma visão espiritual cada vez maior. Estão planejados pelo menos mais dois romances da série Celestina.

Escolhi para este livro a forma de não-ficção por achar que, como seres humanos, estamos num lugar muito especial em relação a essa crescente tomada de consciência. Todos nós parecemos vislumbrá-la, e até mesmo vivenciá-la por algum tempo, e então, por motivos
que discutiremos neste livro, muitas vezes nos desequilibramos e temos que nos esforçar para recuperar nossa perspectiva espiritual. Este livro fala do modo de lidar com esses desafios, e o segredo, creio eu, está na nossa capacidade de debater uns com os outros, da maneira mais aberta e honesta possível, aquilo que estamos realmente sentindo.

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