O maior desafio àqueles de nós que começam a viver a nova percepção espiritual é relacionar-se com os céticos. Todos nós, uma vez abertos à realidade da sincronicidade, nos encontramos em alguma ocasião conversando com alguém que reage negativamente às nossas crenças e questiona diretamente a validade das nossas experiências. Embora os céticos estejam diminuindo de número, ainda são muitos os defensores da velha visão materialista que considera fantasiosa e sem fundamento qualquer conversa sobre o misticismo. Essas conversas ameaçam diretamente as suas sensatas teorias a respeito do que é real e racional no mundo natural.
Os céticos que encontramos parecem dividir-se em duas categorias principais. O grupo maior é daqueles que tomam uma posição de ceticismo não porque tenham estudado a ampla gama de experiências místicas de que ouvem falar, e sim porque não o fizeram; não têm tempo ou inclinação para investigar essas experiências, de modo que adotam a posição que lhes parece mais segura: rotulá-las de absurdas. Geralmente esses céticos vivem e trabalham com outros céticos, que criticam qualquer nova criação ou teoria e usam o ridículo como meio de obter poder pessoal sobre os outros. Nesse tipo de ambiente, a maioria das pessoas adota uma posição estritamente convencional, para evitar o conflito.
O outro tipo de cético que encontramos é o verdadeiro adepto do materialismo científico. Trata-se de uma pessoa que pode pesquisar até certo ponto o cenário da experiência mística, mas sempre recua para trás das barricadas do materialismo, exigindo evidências positivas de tais afirmações. E não dão ouvidos a argumentos tais como: as experiências místicas têm um caráter consistente ao longo de períodos prolongados, milhares de pessoas não relacionadas entre si oferecem relatos idênticos, as estatísticas têm provado repetidamente que a capacidade intuitiva e psíquica é uma ocorrência natural.
Várias abordagens se mostraram eficazes no trato com os céticos. Em primeiro lugar, devemos nos lembrar de que um certo grau de ceticismo é na realidade importante: todos nós devemos evitar aceitar cegamente uma idéia que está na moda, bem como devemos submeter a um olhar crítico qualquer afirmação a respeito da natureza da realidade.
Não devemos esquecer, no entanto, que este princípio tem um corolário igualmente importante, e que muitas vezes é esquecido: conservar a mente aberta para investigar o
fenômeno em questão. É especialmente difícil manter esse equilíbrio entre o ceticismo e a mente aberta quando o fenômeno envolve a nossa psicologia interior ou a nossa espiritualidade.
Dois outros pontos importantes são: manter a conversa sempre amistosa e procurar áreas de concordância. Eu me arriscaria a dizer que quase todo mundo que agora experimenta percepções de natureza mística ou espiritual já foi extremamente cético. Nesse sentido, todos nós somos ex-céticos, e pode ser importante lembrar que o processo de se abrir para o lado místico da vida está acontecendo principalmente através da interação pessoal; vemos outra pessoa levando a sério a idéia da experiência espiritual, e então decidimos investigar nós mesmos o assunto.
Por este motivo devemos levar a sério todas as conversas. A nossa franqueza pode ser o testemunho que derruba a posição entrincheirada de alguém. E sabem de uma coisa? O oposto
pode ser verdade: o cético a que estamos nos referindo pode estar correto em determinado ponto. Aqueles de nós que estão investigando o potencial da experiência humana nada estarão fazendo se não estiverem comprometidos com um processo bilateral de construção de um consenso. Todos nós temos que escutar para aprender. É o diálogo aberto que assegura um ponto de vista largamente debatido e mantém amplo o nosso campo de visão.
A Visão Celestina - James Redfield
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