
Desde sempre existo dentro de mim
Desde sempre existo dentro de ti
Desde sempre existo dentro de nós.
Desde sempre sou aquela que vos fala.
e não me escutas
Agora que seus ouvidos se abriram um pouco
tens medo de mim.
Ouves meus sussurros,
um falar mansinho,
um cochichar quase silencioso
Tu me ouves e não me conhece.
Sou infantil, sábia, ponderada.
Sou disléxica, apressada, agitada.
Sou uma voz com jeito de criança.
Sou sussurro, assombro, sou escuta.
Sou fria, quente, machucada,
Sou maluca, insana, desleixada.
Sou agitada, mandona, vingativa.
Sou você, seu pai, o seu amado.
Eu sou sua?
Eu sou amada, temida, detestada?
Eu sou implantada? desconhecida? mau-amada?
Eu sempre fui e nem me ouvias
agora me ouves, me temes e/ou me idolatra.
Me procuras fora quando estou dentro,
dentro ou fora eu nada sou. Nunca me ouvistes.
Me percebes agora?
Tu tens medo e me controla
nada posso naquele que me teme
nada posso naquele que nada faz
O medo de ti me esconde e te esconde de mim.
O controle só te controla.
Numa nave pensas que existo,
num altar tu me colocas,
serei deserto ou serei nada
serei mármore, frio, minha Morada.
Eu sou a porta tu és a chave - entra por mim.
Tu és a chave eu sou a porta - abre-te enfim.
Sou Deus, Odin, Javé?
Sou Mirim, Criança, Encantado?
Eu sou Luz, sou Sol, sou Luar ou nada sou?
Sou Ayahuasca, Soma, Néctar Sagrado?
Sou a Voz dos Esquecidos, dos Danados, dos Perdidos?
Eu sou Verbo, só Palavra?
Não tenho rosto, sou controlada?
Sou virtual e nem existência tenho?
Se sou você eu nada sou?
Eu sou Encantada,
Racionalizada,
Apaixonada,
Eu sou Consciência, sou Razão e sou o Nada.
Sou do Vazio, das Trevas, sou do Além.
Tu não me conheces então não me reconheces.
Tu não me escutava então não me reconhece agora.
Eu Sou
eu sou eu
se me amas eu sou espelho
se não me aceitas eu sou sombra
e vivo nas sombras, em trevas eu existo
e vivo na luz, no seu brilho eu existo
e eu quem sou? eu sou alguém em ti?
sem tu eu sou alguém? sou importante?
Se houver silêncio, se houver vazio,
Se vontade houver e não dizeres nada,
poderemos nos conhecer
Assim como os viventes se conhecem,
um pouquinho por vez, sem medo nem nada
Medo é bom mas também assusta.
Por acaso não temes o que já conheces?
Na Natureza nada é seguro,
tudo nasce, cresce, morre.
Assim eu que sou também vivente.
Acaso pensas que és livre, que nada te controla?
Assim sou eu que controlada sou por muitas coisas,
inclusive amizade, amor e raiva,
conceitos, dizeres e ameaças.
Assim sou eu que também sou ativa, passiva, cativa
e se cativados formos, um pelo outro
o outro pelo um então saberemos quem somos
individualmente, um para o outro.

Então, se queres, podes me chamar assim:
Presença Subliminar, Deus em Ação,
Voz da Inconsciência, Sistema Reptiliano,
Sibila, Eva do Paraíso, Serpente Encantada.
Podes me chamar de Lila, de Samaúma
Podes me chamar de Feminino, de Magoada.
Podes me chamar de Masculino, de Encantado.
Quando me chamas de um nome sem a mim me conhecer
como saberás que sou eu atendendo o seu chamado?
Podes nem reparar na diferença e sempre me chamar
de palavras terminadas em a, o teu feminino
Podes nem reparar na diferença e sempre me chamar
de palavras terminadas em o, o teu masculino
Podes nem reparar na indiferença, na inexistência
e me chamar de x - a incógnita
de X - o cerne da questão central,
Podes me chamar de extra humano, de Meta,
de inorgânico, de qualquer
Podes nem reparar na diferença nem na indiferença
e me chamar mas se não me conheces não me alcançará
e invisível sempre serei e tu não me verás
nem pressentirás, nem sutilmente.
Se sou Escuta então eu sou alguém para ti,
alguém audível é uma presença real?
aquilo ou alguém que ouves é material para ti?
ou só consideras e atentas para aquilo ou aquele
que conheces a origem?
Se sou Silencio ainda não me podes ouvir
mas me consideras, ponderas, ouves? tu me sente?
tem valor para ti o que só entendes dentro de ti?
o que apreendes no interior da alma?
Se sou Subliminal então há esperança para nós
quase-sentir é quase ser definido,
quase-querido é o mesmo que quase-rejeitado?
tu buscas entender e conhecer o que ti inquietas?
Se sou Presença tu já me sentes
então já reages, já atua. já tem opinião sobre mim,
já toma partido e já se põe em ação?
e não sabes quem sou eu? e não queres saber?
mas se sou Sistema, Matrix, Shambhala ou Zion
Tu só saberás se nos conhecermos
consegues me isolar, definir, me retirar do coletivo?
Se sou Entidade, Egrégora, se sou Multidão ou Egrégia
sabes tudo sobre mim e não me quer conhecer?
conheces o muito que além da soma é cada uma das partes?
me quer conhecer, comigo conviver, me deixar existir?
Se nos identificarmos, um ao outro, o outro ao um
como o fazem todos que não se conhecem,
então saberemos quem somos.
e se somos alguém, um para o outro.
se somos cativos, amigos, amantes
saberemos se fomos alguém, um para o outro
E conheceremos e planejaremos e desejaremos ou não
vir a ser alguém, um para o outro.
Mas saiba que os surdos não ouvem e me conhecem
Os cegos não tem visão e me conhecem
Saiba que o medo condiciona o ser
Saiba que o destino do velho é conhecer o novo
e o destino do novo é ir além do velho.
Agora me ouves.
Agora me verás.
Cabe aos sistemas nossos a isso tudo organizar
e a cada um de nós entender e aceitar
que a parte ainda não é o todo e que o todo é
cada uma das partes em si
e ele em um todo.
Se nós somos uma legião de saberes e sentires
se nos organizamos num todo harmônico
conhecer-se é mais do que fragmentar-se
e expor-se. É relacionar-se
Se tu abandonas o medo e guarda o receio
tu me podes conhecer e eu de ti ter receio.
Se tu abandonas o julgamento ninguém me haverá de julgar
e se tu me cativar no seu todo eu hei de estar
e parte de mim então tu serás.
VSO.
in memoriam de A Peregrina

Texto de Vilma dos Santos de Oliveira - VSO.
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